top of page

A Estética dos Mundos Fantásticos

Gabriel Mello












O universo da literatura fantástica é um lugar incrível, onde a mente voa longe e os limites da realidade parecem ser quebrados a cada página virada. E, sinceramente, quando falamos de algo visual dentro da ficção fantástica, a estética é como a chave mestra desse lugar, construindo muito da experiência que conhecemos.


É importante dizer que quando me refiro à estética, procuro ir para um lugar muito mais profundo. Não me refiro apenas aos elementos visuais e gráficos presentes nas edições do livros - mesmo que estes tenham, sim, influenciado muito do nosso debate -, mas também àquilo que imaginamos quando pensamos em "fantasia", sem sequer precisarmos estar lendo algo.


A estética na literatura fantástica é uma espécie de agente autônomo, uma força invisível que permeia cada palavra, cada descrição e cada mundo criado pelo autor. Não se trata apenas do que vemos nas capas dos livros ou nas ilustrações internas, mas sim da atmosfera em que somos jogados, das sensações que em nós são despertadas enquanto mergulhamos nessas narrativas.


Pense nas vastas planícies de J.R.R. Tolkien, onde a Terra Média ganha vida através de sua riqueza de detalhes e imagens vívidas. Ou nos desertos vagos e áridos de Arrakis-Duna, que nos fazem ansiar por explorar cada vastidão daquele planeta ao lado do povo Fremen. Esses mundos não são apenas construídos com palavras, mas são pintados em nossas mentes com uma paleta de cores, matizes, texturas e composições que nos transportam para além das fronteiras da realidade.

E quando consideramos a estética dentro da própria narrativa, vemos como ela se entrelaça com todos os aspectos da história. Desde a escolha das palavras até a estrutura das frases, tudo contribui para criar uma experiência sensorial única em nós. É completamente possível ouvir a música criada a partir das palavras de Neil Gaiman, por exemplo, que ecoa como uma verdadeira ambientação/extensão dos seus mundos, envolvendo-nos por lugares únicos, às vezes sinistros, em um mundo de maravilhas.


Mas a estética das narrativas fantásticas vai também muito além de todo esse aspecto visual, metafísico ou auditivo. Ela permeia também os temas e as mensagens das histórias fantásticas. Quando exploramos os reinos da fantasia, estamos muitas vezes repensando questões profundas sobre o bem e o mal, o destino e o livre-arbítrio, o poder e a coragem. E é a maneira como essas questões são apresentadas, a estética moral e filosófica que permeia tais narrativas, que nos faz refletir sobre nossa própria existência e nosso lugar no mundo.


E é assim que a arte se torna mediadora entre a realidade e a fantasia, entre o visível e o invisível, entre o óbvio e o oculto. É através dessa mediação que somos capazes de ultrapassar as limitações do nosso próprio entendimento, e de nos aventurarmos por terras desconhecidas, onde o impossível se torna possível e o inimaginável se torna realidade.


Então, caro leitor, quando você abrir aquele livro de capa mágica e letras que parecem dançar diante de seus olhos, lembre-se de que está prestes a embarcar em algo muito maior. Você estará prestes a viver, em toda a sua essência, o potencial da Arte em nossas vidas. Permita-se ser envolvido por essa experiência estética dentro da literatura fantástica.


E quando você fechar esse livro, talvez um pouco relutante em deixar aquele mundo fantástico para trás, leve consigo as lições aprendidas, as emoções experimentadas e a certeza de que, embora o livro tenha terminado, a Arte ainda está lá.


Porque, afinal, a beleza da literatura fantástica está não apenas na fantasia que nos apresenta, mas na maneira como ela nos transforma, nos inspira a ver o mundo com novos olhos e nos leva à sensibilidade. Então, lhe recomento profundamente que permita-se ser cativado pela Arte/Literatura através da fantasia.

59 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page