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Foto do escritorNicolas R. Aquino

A reimaginação de tropos fantásticos em Dungeon Meshi

Nicolas R. Aquino










Um dos elementos que mais desperta fascínio na mente humana é a fantasia. A fantiasia não só é um clássico gênero da literatura e da ficção especulativa, como também é um dos maiores fenômenos da Cultura Pop.


Os universos fantásticos envoltos em heróis, dragões, jornadas e batalhas épicas fazem parte do imaginário popular e são usados até hoje como símbolos que ensinam sobre coragem, bondade e transformação. Devemos a popularização desse fenômeno a nomes como J.R.R Tolkien, com “O Senhor dos Anéis”; Ursula K. Le Guin, com “O feiticeiro de Terramar”; e C. S. Lewis, com “As Crônicas de Nárnia"


Na raiz dos universos fantásticos, é certo que podemos encontrar um ou mais tropos, ou seja, elementos narrativos responsáveis por fundamentar tais histórias e consolidá-las como um bom exemplo de narrativa fantástica através de toda a familiaridade que eles causam.


Os heróis lutando contra o dragão vermelho (Imagem: Reprodução/Netflix)
Os heróis lutando contra o dragão vermelho (Imagem: Reprodução/Netflix)

Ao longo das eras, muitos tropos foram se consolidando dentro da fantasia, mas talvez o mais clássico deles seja a jornada do herói, tão famosa quanto funcional, desde os primórdios das ficções fantásticas. 


Hoje, embora possam parecer datados e previsíveis, os tropos fazem parte do nosso imaginário e, graças a isso, os autores conseguem imaginá-los e ressignificá-los. Afinal, não há nada melhor do que o bom uso de clichês. E uma das obras de fantasia mais singulares da atualidade que conseguiu usar muito bem os clássicos tropos, e ao mesmo tempo apresentar uma excelente narrativa original, foi o mangá e também anime "Dungeon Meshi".


Dungeon Meshi, ou Delicious in Dungeon, é um mangá escrito e ilustrado por Ryoko Ku, que começou a ser publicado em 2014 e teve sua conclusão em 2023, com um total de 97 capítulos. Em 2024 a obra ganhou uma adaptação em anime lançada na Netflix. A primeira temporada, ainda em andamento, contará com 24 episódios divididos em dois blocos.

A trama aqui é bem simples, e à primeira vista bastante clichê. Laios, um guerreiro humano, e seu grupo de heróis fracassam em um ataque contra o dragão vermelho, o que resultou em sua irmã ter ido parar no estômago do dragão. Além de derrotados, os heróis perdem tudo o que tinham, acarretando na separação do bando. Marcille e Chilchuck, uma elfa e um pequenino, respectivamente, ficam ao lado de Laios na busca para resgatar sua irmã perdida. No caminho, um excêntrico anão chamado Senshi está disposto a ajudá-los e se juntar ao grupo.


Até aqui, todos os elementos remetem a uma clássica fantasia medieval, mas "Dungeon Meshi" tem um tempero a mais. Literalmente, já que nossos heróis, completamente sem recursos, terão de se alimentar das criaturas e monstros que vivem nas masmorras.


Se assemelhando a uma mesa de RPG, ou a um livro de fantasia em que o mundo é inspirado na Europa medieval, isso tudo além da incomum adição de temas culinários dentro da narrativa, "Dungeon Meshi" brinca com diversos tropos consagrados nas obras fantásticas. A própria jornada do nosso herói Laios é repleta de surpresas, assim como algumas de suas atitudes, que certamente seriam escandalizadas em uma reunião de bons heróis clássicos. A introdução da jornada, ou quest; o uso do senhor das trevas, que implica na luta do bem contra o mal; e todas essas noções básicas que fundamentam muitas obras de fantasia estão aqui, mas de uma forma muito única.


Um dos pontos que mais enriquece e destaca "Dungeon Meshi" são seus personagens, que de cara podem parecer representar algum arquétipo como o herói. A mocinha em perigo, a maga, o ladrão, etc., mas, a partir de tudo isso e conforme a historia avança, conhecemos mais e mais de cada um, e vemos que não necessariamente eles representam só aquela premissa inicial. Com "bons personagens" não me refiro somente aos protagonistas e vilões, mas também a todos que passam pelo caminho do nosso grupo principal, fazendo diferença na história. Esse personagens que "aparecem de repente na trama" possuem características únicas, e até mesmo os próprios monstros e criaturas, que no final do dia se tornam pratos muito suculentos, movimentam a narrativa e ajudam na progressão da jornada e no desenvolvimento dos personagens.


Se você, assim como eu, é apaixonado por boas histórias de fantasia, gosta de ser surpreendido e se diverte vendo obras Slice of Life, que aparentam não ter plot, mas que valem a pena pelo excelente desenvolvimento de personagens, recomendo fortemente que pare tudo o que estiver fazendo e prepare um bom lanche para acompanhar "Dungeon Meshi".


Laios, Marcille, Chilchuck e Senshi aproveitando uma refeição monstruosa (Imagem: Reprodução/Nteflix)
Laios, Marcille, Chilchuck e Senshi aproveitando uma refeição monstruosa (Imagem: Reprodução/Nteflix)

O anime de Dungeon Meshi está disponível na Netflix e o mangá vem sendo publicado pela editora Panini.






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