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Foto do escritorNicolas R. Aquino

A volta dos formatinhos ao Brasil

Nicolas R. Aquino é publicitário e leitor nas horas vagas. É pesquisador em Cultura Pop












Nos últimos dias, a comunidade de leitores de quadrinhos tem estado bem movimentada com o anúncio da volta dos formatinhos. A partir de julho, a Panini irá publicar a coleção DC de Bolso, visando trazer grandes histórias da editora em um formato compacto e com melhor custo-benefício. 


Embora a promessa tenha sido edições aparentemente acessíveis, a Panini decidiu por começar sua nova coleção publicando o clássico "Reino do Amanhã" de Mark Waid e Alex Ross com a pré-venda no valor de capa a "R$50,00". Tanto o valor quanto a escolha do título não foram muito bem aceitos pelos internautas, trazendo um start meio amargo para a volta dos formatinhos. 


Falar do mercado editorial de quadrinhos atual é como cutucar um vespeiro. São muitos pormenores que constantemente inflam com anúncios como esse; no caso da coleção "DC de Bolso", o público ficou bastante dividido entre aqueles que concordam com o preço e o lançamento e aqueles que acharam o valor salgado, indo contra a iniciativa.


Quadro de "Reino do Amanhã" de Mark Waid e Alex Ross (Imagem: Reprodução/ DC comics)
Quadro de "Reino do Amanhã" de Mark Waid e Alex Ross (Imagem: Reprodução/ DC comics)

Não pretendo entrar diretamente na discussão, mas indico esse vídeo para quem tiver curiosidade de entender melhor toda a polêmica: https://youtu.be/YgX_iSMSS54?si=upq4YqHSbBv8Vtl9  

O ponto central dessa matéria é trazer uma perspectiva acerca da iniciativa por trás da volta dos formatinhos. Acontece que isso tem sido uma tendência global de grandes editoras; a própria DC Comics abraçou a iniciativa e começou sua coleção nos EUA. Na França, a Urban Comics publica as edições desde 2022, e na Espanha desde 2021.

Toda essa movimentação de resgate de edições mais simples e menores surgiu como uma tentativa de atrair novos leitores, já que as vendas de quadrinhos de super-heróis vêm diminuindo a cada ano. O mercado hoje não é nada convidativo a novos leitores, já que a maioria dos quadrinhos em publicações depende de toda uma contextualização para serem entendidos. 

Além disso, o mercado dos quadrinhos enfrenta hoje um adversário colossal que vem crescendo a cada ano e cativando os leitores: os mangás. É inegável que hoje o público mais jovem tem uma predileção por acompanhar os gigantes japoneses aos quadrinhos mais "tradicionais", seja pelos seus arcos fechados, o valor parcialmente custo-benefício, a alta dos animes e também a facilidade de se carregar um mangá. Edições menores, que cabem no bolso e podem ser lidas em qualquer lugar, certamente conseguem atrair não só os leitores assíduos como os leitores casuais, que muitas vezes estão em constante movimentação.

Tanto os mangás como, agora, os formatinhos se desprendem dos padrões americanos, que normalmente são tijolos de capa dura, pesados e inviáveis de carregar para todo canto; os formatos passam a ser feitos de forma compacta e atrativas para que no meio de um passeio, na espera de um ônibus, dentro do metrô, entre outras variadas situações, você consiga fazer uma leitura rápida e confortável. 

A Panini certamente perdeu uma boa oportunidade de atrair novos leitores que estejam interessados em começar a ler quadrinhos, seja pelo preço que, mesmo podendo ser justificado, ainda não cumpre com a proposta. Além disso, “Reino do Amanhã” cai no limbo de ser uma obra que necessita de contexto e não é tão atrativa como outros títulos muito amados pelos leitores, como “Watchmen” e os clássicos do Batman.


De qualquer forma, convido os novos leitores que desejam começar a ler quadrinhos a darem uma chance a essa coleção; se não com esse primeiro lançamento, com algum próximo que chame sua atenção. Acredito que, caso faça sucesso, podemos esperar outras coleções, como da Marvel Comics e outros títulos aclamados.



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