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Afrofuturismo nas escolas: projeto Boyebi

Gabriel Mello, colunista da Revista Especular











Na noite de 11 de abril de 2024, durante um momento marcante na televisão brasileira, Lázaro Ramos anunciou os vencedores da 3ª edição do Prêmio LED. Organizado pelo Movimento LED, esse prêmio, que celebra iniciativas inovadoras na educação, contemplou projetos educacionais de todo o país com um total de R$ 1,2 milhão em prêmios.


Entre os destaques dessa edição, estão as duas irmãs conhecidas como Irmãs Twins, cujo trabalho no Projeto Boyebi demonstrou o poder transformador das narrativas afrofuturistas no ambiente escolar. O projeto, inicialmente uma resposta a casos de racismo na escola de Hiara, uma das irmãs, evoluiu para uma intervenção que utiliza a literatura afrofuturista como ferramenta de empoderamento e resgate da identidade negra nas salas de aula.


O termo "Afrofuturismo" foi cunhado pelo teórico Mark Dery em 1994, questionando a ausência de autores negros na ficção científica. No Brasil, as maiores expressões afrofuturistas estão em filmes como “Branco sai, preto fica” (2014), de Adirley Queirós; na música do grupo Senzala Hi-Tech e na ficção científica de Fábio Kabral, autor de O caçador cibernético da rua 13 e Sankofia, de Lu Ain-Zaila.¹


No contexto educacional, o Afrofuturismo atua como uma ponte entre o passado marcado pela violência e um futuro de possibilidades, oferecendo uma nova perspectiva sobre a identidade negra. Como bem afirmou Silvia Barros, a literatura afrofuturista é uma reconstrução do passado não registrado, proporcionando horizontes imaginativos para o futuro.


As Irmãs Twins basearam seu projeto em obras de autores brasileiros como Ale Santos e Sandra Menezes (fica a recomendação de "O Céu Entre Mundos", livro de Sandra Menezes finalista do Prêmio Jabuit em 2022). Hiara, uma das irmãs, teve a oportunidade de aprofundar seus estudos sobre o tema durante um intercâmbio na Universidade de Lisboa, onde trocou ideias com especialistas da área.


De volta ao Brasil, o Projeto Boyebi foi implementado por meio de encontros com a comunidade estudantil, promovendo a literatura afrofuturista como uma ferramenta de expressão e empoderamento para jovens negros.


O Afrofuturismo desafia narrativas históricas e sociais convencionais, promovendo não apenas a criatividade, o pensamento crítico e a imaginação de um futuro mais inclusivo, mas reafirmando o papel social da escola como um espaço de vivência de diversas realidades e possibilidades.


Assim, o Projeto Boyebi, desenvolvido coletivamente pelas Irmãs Twins e pela comunidade estudantil, e a sua vitória na 3ª edição do Prêmio LED, inova a estrutura curricular estudantil e controi um futuro coletivo. Um ganho não só para o meio estudantil ou para a produção especulativa nacional, mas para toda a sociedade.


"Ao inserirmos o afrofuturismo na literatura, reconstruímos uma narrativa que dá voz aos povos afrodescendentes, recuperando sua história", avalia Hiara.



¹ ROCHA, Helena do Socorro Campos da; VAZ, Cristina Lúcia Dias. Afrofuturismo na educação: O caso da metodologia ativa cartodiversidade. Revista e-Curriculum, v. 19, n. 3, p. 1036-1059, 2021.

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1件のコメント


''o Afrofuturismo atua como uma ponte entre o passado marcado pela violência e um futuro de possibilidades'' maravilhoso apenas!

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