Me questionei o que escreveria aqui, o que eu teria a dizer. O que eu diria que seria diferente do que já escrevi ou viria a escrever. E percebi que essa é a mesma reflexão que tive ao jogar Red Dead Redemption 2: o que vai ter de diferente aqui?
Foi então que eu me surpreendi. E espero que você, caro leitor, se surpreenda também.
Era apenas uma história de velho oeste, ou ao menos o que aparentava ser. Somos colocados no controle de Arthur Morgan, um pistoleiro fora da lei, aliado de Dutch Van Der Linde.
Arthur vive uma vida de "fantasma", como ele mesmo diz; não se enxerga como uma pessoa, como um indivíduo... como poderia uma pessoa ser alguém que é perseguido onde quer que vá? Que rouba e mata e sente que só sabe fazer isso? Um fora da lei em um mundo que não o quer mais; quando seu tempo já foi. O que resta para alguém assim? Para Arthur, restou algo: redenção
Pessoas que precisam de ajuda aparecem em seu caminho, desde alguém precisando de uma carona até algum lugar, até uma freira que pede sua ajuda para sua causa para ajudar pessoas que frequentam a igreja. Arthur é um homem bom no fundo, mas que não teve sorte em suas oportunidades, não conseguiu manter seus amores, sua família e alguns amigos. Arthur perdeu esposa, filho, pai e mãe, mas nunca perdeu sua vontade de respeitar o outro. Arthur não comete maldades a troco de nada, não é um monstro.
Em determinado momento, algo o aflige, uma notícia de que não lhe restaria muito tempo, e em meio a isso, para alguém que já caminhou lado a lado com a morte tantas vezes, trocou chumbo em diversos momentos, o seu fim eminente sem ser por um tiro ou algum tipo de violência gera um sentimento: medo
Em meio ao medo, em meio ao pouco tempo que lhe resta, o que sobra é fazer o certo, é buscar se redimir, mas a parte de redimir não é algo que Arthur tem em mente, ele não quer pagar por seus pecados porque sabe que são imensuráveis, mas ele quer ao menos uma vez na vida fazer o certo. A escolha de fazer o certo é dada a quem joga, Arthur pode ser um bom homem, mas só se formos bons juntos, a imersão cabe a si mesmo, a responsabilidade cai sobre nós assim como cai sobre ele.
Arthur sofre, chora, desaba, Arthur é humano, como qualquer um, Arthur tem medo, mas não há nada o que temer, apenas ajude os outros, é isso que nos é dito.
"Acredite no amor e faça um ato de amor"- Freira para Arthur Morgan
A história de um bom homem é contada de forma magnífica, na verdade, ela é construída por aqueles que querem ser bons também. Uma perspectiva nova de vida se abre, uma perspectiva de "honra alta", buscar o certo, fazer o bem porque já há mal demais neste mundo, não há muita gentileza neste mundo, e mesmo não sabendo tanto sobre isso, Arthur ainda a espalha quando pode, quando lhe é dada uma escolha. Sempre temos a chance de fazer a escolha certa, de sermos melhores, sermos mais gentis com quem precisa.
No jogo há a escolha de ter a honra baixa e ter a honra alta, o animal da honra alta é um cervo, um símbolo de liberdade, pureza e de vida, representa que estamos plantando coisas boas, que a vida ainda vai prosperar mesmo que não seja para nós. O animal da honra baixa é um lobo, um predador, que representa o instinto animal de caça, longe da humanidade e da empatia.
Arthur é um cervo em meio a lobos selvagens, um bom homem em meio a um mundo cruel. Uma luz para muitos que ele ajudou, alguém que espalhou o amor porque acreditou nele, alguém que queria se redimir, que ajudou tantos a fugir e viverem uma vida digna, pois não lhe foi dada essa chance de viver essa vida também.
Faça pelos outros todo o ato de amor, gentileza e bondade que não lhe fizeram, encerre o ciclo de ódio e vingança.
"Vingança é um jogo para tolos"- Arthur Morgan
Red Dead Redemption 2 foi lançado em 2018, pela Rockstar Studios. O jogo se passa antes dos acontecimentos de Red Dead Redemption 1, mostrando os prelúdios da história.
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