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As cantigas gregas modernas e suas influências na Cultura Pop

Nicolas R. Aquino. Colunista da Revista Especular









Os musicais ocupam um lugar no panteão dos clássicos da cultura pop. Trazendo canções originais ou interpretações novas a hits de sucesso e entregando performances que fazem qualquer um sair do chão, é fato que todos temos um número musical do coração que parece ter o poder de resolver todos os nossos problemas.


Desde suas origens nos teatros até suas adaptações para telas de cinema e reproduções ao redor do mundo, os musicais têm desempenhado um papel significativo no repertório cultural desde os primórdios. Com sua capacidade de combinar música, dança e narrativa, os musicais têm o poder de evocar inúmeras emoções e conectar-se com públicos de todas as idades.


Gigantes como "Hércules", "Mamma Mia!", "Hadestown", mas também o novo queridinho em desenvolvimento "EPIC", são alguns exemplos épicos da magia dos musicais. Embora possa ter passado despercebido por alguns, os musicais mencionados acima têm algo em comum: todos pertencem a outro integrante clássico do panteão Pop. Os mitos gregos têm sido uma fonte de inspiração e fascínio ao longo dos séculos, e sua presença na cultura pop contemporânea não é exceção.


Os antigos mitos, repletos de deuses, heróis e monstros, oferecem o melhor da jornada de herói, usadas como narrativas universais que influenciam até hoje nos aspectos mais profundos da condição humana. Suas histórias épicas de amor, tragédia, triunfo e desafios vão além das barreiras de Cronos e da cultura, proporcionando um lugar para a criatividade artística e a exploração de temas atemporais. A complexidade dos personagens, suas jornadas e os dilemas morais que enfrentam continuam a cativar e intrigar o público contemporâneo, proporcionando um rico material para adaptações e interpretações em várias formas de mídia, desde literatura, cinema, televisão e, é claro, os musicais.


Pensando nisso, proponho que neste ensaio naveguemos pelas águas do passado e do presente relembrando as riquezas da poética Grega e como os Deuses, heróis e monstros foram incorporados aos musicais modernos dando novas visões aos escritos de Homero.


Você pode conhecer um pouco melhor da cultura, religião e mitologia grega na coluna de Helenismo


Filmes, séries de televisão, livros e videogames frequentemente recorrem aos mitos gregos para fornecer uma base rica e familiar para suas histórias. A franquia “Percy Jackson”, de Rick Riordan, leva os espectadores para um mundo onde os deuses gregos e as criaturas mitológicas coexistem com os humanos contemporâneos.


Da mesma forma, filmes como 'Tróia', de Wolfgang Petersen, e 'Fúria de Titãs', de Louis Leterrier, adaptam eventos e personagens dos mitos gregos em épicas cinematográficas. Também temos séries de televisão como 'Hércules: A Jornada Lendária' e 'Xena: A Princesa Guerreira' que introduzem uma nova geração ao universo mitológico grego, apresentando interpretações modernas de heróis lendários e suas aventuras. Videogames, com títulos como “God of War” e “Hades”, exploram os mitos e lendas do Olimpo em cenários interativos e desafiadores.


Indo de encontro com essas adaptações mais modernas, que introduzem as novas gerações, temos o filme musical Hércules, um dos clássicos Disney dirigido por Ron Clements e John Musker. Embora o filme seja uma das principais portas de entrada para crianças se aventurarem pelos mitos e se identificarem com a jornada do jovem herói de bom coração Hércules e seu pegasus, o filme musical peca em dar vida aos mitos fazendo uma grande salada de frutas de histórias e culturas, trazendo uma vertente romana ao que deveria ser um épico grego.


Outras obras que, de forma mais indireta, abordam os mitos e seus pilares narrativos são os musicais "Mamma Mia!", que além de usar os cenários divinos das ilhas gregas e temas como amor, romance, encontros, desencontros e dramas que evocam toda a atmosfera lírica e poética grega, são aclamados pelo uso das músicas do grupo ABBA para contar uma bela e emocionante história.


Também vale mencionar "Hadestown", que reimagina o mito de Orfeu e Eurídice em um cenário pós-apocalíptico, combinando elementos do folclore grego com temas sociais e políticos modernos. Ao explorar questões como amor, ganância e esperança em um contexto contemporâneo, "Hadestown" também enfoca a magia dos mitos e os dilemas enfrentados por seus heróis.


Tendo bem estabelecido os gigantes dentre as cantigas gregas modernas, vamos falar dele, o que eleva essas narrativas ao nível dos deuses, até porque boa parte deles dão voz a esse musical que se propõe a adaptar o épico de Homero: a Odisseia.


Dirigido e produzido por Jorge Rivera-Herrans, que também é responsável por escrever as músicas, “EPIC” começou a bombar na rede TikTok, Instagram e Youtube e Spotify alcançando mais de 60 milhões de visualizações. Jorge usa seu TikTok como uma linha do tempo completa de sua jornada desde a produção de cada música até o lançamento de cada saga que é feita por meio de álbuns.


“Epic é um musical totalmente cantado que consiste em 2 atos com 20 músicas por ato, totalizando 40 músicas. Além disso, cada ato é dividido em “Sagas” ou capítulos. Todo o musical tem duração de 2 horas e 16 minutos. O Ato 1 tem cerca de 1 hora e 9 minutos de duração e consiste em 5 sagas ( A Saga de Tróia , A Saga do Ciclope , A Saga do Oceano , A Saga Circe e A Saga do Submundo ). O Ato 2 tem cerca de 1h7min de duração e consiste em 4 Sagas ( A Saga do Trovão , A Saga da Sabedoria , A Saga da Vingança e A Saga de Ítaca ).”  Wiki EpicTheMusical

O musical Epic surge como uma bela e grandiosa forma de transmitir, tanto de maneira oratória quanto cantada, os escritos gregos de forma fiel, trazendo interpretações carregadas de personalidade e autenticidade a figuras famosas como Odisseu, Circe, Hermes, Atena, Poseidon e muitos outros. Acompanhar toda a produção, a escolha de elenco e o lançamento das sagas tem sido uma jornada incrível que mobiliza uma comunidade bastante ativa e disposta a dar cada vez mais vida ao projeto.


Embora todos os exemplos acima tenham seu lugar de destaque e propostas diferentes, podemos encontrar influências da mitologia grega dentro das narrativas, músicas, dilemas, deveres e até locações. Alguns se beneficiam mais trazendo adaptações mais coesas e respeitosas, enquanto outros realizam um ótimo trabalho em reimaginar situações e personagens; alguns, porém, pecam em uma abordagem de generalização e descaracterização, mesmo que de forma indireta.


Como um grande fã de mitologia grega e musicais, sou meio suspeito para falar do assunto. Aos historiadores e curiosos de plantão, recomendo fortemente que leiam o complemento deste ensaio, que será lançado na coluna de Helenismo na sexta-feira, dia 05/04, onde serão abordados mais a fundo os erros e acertos dessas adaptações, assim como sua relevância histórica através da visão helênica.









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