top of page
  • Instagram

“Jogador Nº1" mostra uma realidade fictícia distópica bastante real

Uma resenha por J. FELIPPO GOMES





Ao banhar-se em toda a estética, músicas, jogos e cultura dos anos 80, "Jogador Nº1" nos apresenta uma realidade completamente diferente da nossa. Em 2045, a sociedade está em completo desastre, as taxas de desemprego são altíssimas, as cidades estão superlotadas e as necessidades mais básicas se tornaram inacessíveis para aqueles que não possuem as condições necessárias. A Terra está à beira do distópico, na qual a sociedade está por um fio; todos parecem ter apenas uma maneira de enfrentar a realidade dura e cruel: o jogo Oasis.

O Oasis é um lugar onde você pode ser o que quiser, como um mundo de pura imersão e entretenimento ao seu próprio modo e limitado apenas pela sua criatividade, sem se apegar às regras da realidade. Criado pelo excêntrico James Halliday, o jogo oferece um conforto que o mundo real não pode proporcionar à população. No entanto, quando James morre, ele deixa um diário de sua vida e um vídeo de testamento dizendo que a pessoa que passar por três portões e encontrar o "easter-egg" herdará todos os direitos sobre sua obra, dando início ao que ficou conhecido como a 'Caça'.

Nosso protagonista, Wade Watts, começa a fazer de tudo para encontrar o "easter egg" e vencer o concurso, desenvolvendo uma obsessão pelos anos 80 e pela vida de Halliday. Dessa forma, passa a maior parte de seu tempo memorizando todas as informações possíveis para ter pelo menos uma chance de vencer o concurso e também para impedir que a desprezível IOI vença o concurso e acabe com o Oasis.

O livro é uma ótima escolha para aqueles que, assim como eu, são apaixonados pelos anos 80, pois conta com muitas referências da época, principalmente de músicas e jogos. Vale ressaltar que se alguém já assistiu o filme e pretende ler o livro, encontrará muitas diferenças, já que o livro conta com muito mais enredo e é um pouco mais sombrio. A realidade no livro é nua e crua, quase igual à nossa, mas um pouco exagerada.

Enfim, deixando a parte ruim de lado, "Jogador Nº1" é uma delícia de ler. É envolvente e te prende, fazendo você querer saber o que vai acontecer com Wade. Usando-me como exemplo, peguei o livro para reler na semana passada e já estou quase terminando. Ver o protagonista progredir em sua jornada e conhecer as pessoas é emocionante.

Ainda com todas as partes alegres, Wade tem 18 anos, então deixo o alerta de que em algumas partes você pode se irritar com suas ações, ou até mesmo achá-las "cringe". Isso faz com que eu goste ainda mais do livro, pois traz humanidade a Wade, que não é perfeito e não possui a famosa invencibilidade de protagonista, pois em alguns momentos, aparecem jogadores mais habilidosos e inteligentes do que ele, como Art3mis.

Sobre esse ponto, terei de ser um pouco parcial, porque adoro a forma como Art3mis é apresentada. Inteligente, sagaz, independente e cativante. Ela, que à primeira vista era para ser o interesse amoroso de Wade, consegue ser muito mais. Mesmo gostando muito de Wade, seu objetivo principal é apenas o concurso. Na realidade, ela está mais para o oposto dele, sendo racional, madura e objetiva. Uma grande personagem que, na minha opinião, poderia ter sido explorada muito mais. E não tem como falar mais sobre ela sem dar mais detalhes da história, então deixarei esse suspense sobre 'o que ela é capaz de fazer'.

Sobretudo, a trama é construída de forma espetacular por Ernest Cline. Toda a construção do mundo, as infinitas possibilidades do que pode acontecer dentro do Oasis, o contraponto da dura realidade, muitas coisas incríveis. Cenas de investigações intrigantes que te fazem torcer, as ideias diferentes de Ernest sobre como um jogo pode ser completamente diferente são surreais.

Tudo isso te faz realmente acreditar que aquele mundo, o Oasis, sendo mais específico, pode ser real, e também te faz querer jogar. É possível resumir tudo o que disse em: leia Jogador Nº1 se tiver a oportunidade. São poucas as chances de você se decepcionar. Se eu fosse dar uma nota de 0 a 10, daria um 9,5, porque nem tudo é perfeito, e aqui e ali tem umas coisas que me incomodam.

No entanto, de resto, eu gosto de cada parte.

"Isso é tu-tudo, pe-pessoal".

Conteúdo presente na edição de NOVEMBRO DE 2023 da Revista Especular. Leia este e mais conteúdos em revistaespecular.com.br. Um projeto realizado com apoio da EDITORA AURORA.

1 visualização0 comentário

Comments


bottom of page