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O que são as humanidades e por que elas são importantes, segundo a Universidade do Kansas?


por Gabriel Mello

É autor de ficção científica, de realismo mágico

e pesquisador de arte/literatura. Já publicou dois

livros pela Editora Aurora.














Em um mundo onde as fronteiras entre a Arte e a Literatura se entrelaçam, as humanidades se posicionam como o possível epicentro do entendimento humano no século XXI. Em seu texto apresentativo, a Univerisade do Kansas convida estudantes e estudiosos do mundo inteiro a explorar uma interconexão e participação ativa das Ciências Humanas, compreendendo como elas moldam nossa compreensão do mundo.


Você pode ler o texto de Richard Godbeer, ex-diretor do Hall Center for the Humanities, da Universidade do Kansas, no link a seguir: https://hallcenter.ku.edu/why-humanities


Inegavelmente, a era anterior foi marcada pelo domínio das ciências exatas, que justificaram e deram significado a muitos aspectos do nosso universo. Contudo, ao adentrarmos o século XXI, parece que esse muito parece insuficiente. O resultado parece ser essa insegurança constante dos humanos de começo-de-século. Sobretudo, é quase incoerente não reconhecer que a busca pela verdade e significado não pode partir do estudo focado nas ciências humanas. Como afirma a ex-direção do Hall Center for the Humanities, Richard Godbeer, "as humanidades são mais do que uma opção luxuosa; são uma necessidade premente".


A compreensão de quem somos e do que significa ser humano é fundamental para superarmos alguns desafios do presente, e continuarmos em direção a algum futuro. As humanidades, mais do que nunca, funcionam como uma janela para nosso passado diversificado, muitas vezes complicado e problemático. Elas nos capacitam a apreciar o humano em sua totalidade, a compreender as complexidades dos relacionamentos e a perceber como as perspectivas variam entre culturas, como bem se posiciona a Universidade do Kansas. É nesse entendimento que encontramos as respostas para as questões e pautas que têm persistido desde a última década.


Em um mundo em rápida transformação, as habilidades cultivadas pelas humanidades tornam-se mais cruciais do que nunca. A capacidade de análise cuidadosa, o pensamento criativo e a expressão clara são habilidades que transcendem as mudanças efêmeras nas demandas do mercado de trabalho, por exemplo. É inegável que toda uma geração, que acompanhou essa mudança de séculos, cresceu ouvindo que as profissões relacionadas ao lado humano, a menos que se baseassem na exatidão, jamais seriam um local de estabilidade e desenvolvimento profissional. Porém, a cada década, mais a participação ativa das humanidades se mostra como pilar de um sucesso profissional no complexo ambiente do século XXI, onde a adaptabilidade e a compreensão do contexto são essenciais e cada vez mais cobradas.


"A expansão da pesquisa humanística nas últimas décadas para recuperar as vozes e vidas passadas de pessoas que foram ignoradas ou sistematicamente excluídas de narrativas históricas e cânones literários está intimamente alinhada com as tendências mais amplas em nossa cultura em direção a uma maior inclusão e reconhecimento de vozes e histórias diversas. Somos uma parte indispensável desse processo, enquanto buscamos entender as muitas partes constituintes que juntas compõem o mundo complexo que habitamos. As humanidades nos levam a isso."

Mas muito além do âmbito profissional e desse pensamento mercadológico, as humanidades desempenham um papel fundamental na construção de uma sociedade democrática e engajada. Num mundo cada vez mais interconectado, as humanidades servem como pontes que unem sociedades diversas. Elas fomentam a compreensão mútua, incentivam o engajamento construtivo e afastam as tensões criadas pela ignorância e pelo medo. Assim que percebermos que o "humano" ultrapassa em muitos limites a dicotomia da exatidão - o "certo" e o "errado" -, construímos a base para uma convivência que sustenta as pautas do século atual.


E o mais interessante é justamente perceber que a visão e o posicionamento da Universidade do Kansas sobre as humanidades vai além do acadêmico, defendendo uma abordagem inclusiva e diversificada. Isso, claro, vindo de uma universidade bastante importante em uma construção intelectual, apenas se dá por uma demanda completamente externa. Esse movimento, que passa a ser consciente em diversas universidades, apenas reflete a incapacidade de sustentar o desenvolvimento humano apenas pelo lado exato da ciência.


Quando os cientistas dizem abertamente que acreditam que justamente a forma como os humanos evoluíram pode estar nos impedindo de resolver as alterações climáticas, como divulgado pelo jornal EuroNews, há a comprovação de que muitos dos nossos problemas exigem uma análise mais sensível dos problemas, mais humanizada. "As humanidades não são um luxo opcional e inacessível, como alguns críticos gostariam que acreditássemos", afirma Richard Godbeer, "O que fazemos como estudiosos das humanidades e em nossas salas de aula não poderia ser mais relevante para o mundo em que vivemos; nem poderiam ser mais práticos em termos das habilidades que precisamos como cidadãos do século XXI".


As humanidades são uma necessidade. Cada vez mais se torna insustentável o discurso contrário; seus domínio vão para além de uma perspectiva utilitária. Não podemos nos render a uma visão de futuro que se fixa em uma estreita concepção econômica do que é produtivo e útil, como século passado nos fez acreditar. A nossa responsabilidade de nutrir uma capacidade individual e criatividade também é uma medida crucial do nosso valor, sucesso e da nossa riqueza como seres humanos.


"A apreciação de nossos legados culturais diversos enriquece nossas vidas, individual e coletivamente", mas também é como uma chave capaz de justificar e compreender muitos problemas do hoje, que parecem trancados sem resolução. E o mesmo vale para o envolvimento ativo como participantes na criação de novas formas culturais. Como o posicionamento da Universidade do Kansas mostra, a vitalidade cultural e a felicidade pessoal levam, em última análise, ao nosso próprio crescimento. As humanidades nos levam a isso.

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